- Entre as doenças oculares mais comuns causadas pelo diabetes estão a catarata e a retinopatia que, na sua forma mais grave, pode causar danos irreversíveis à visão
Foi em 2007 que a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou o 14 de novembro como o Dia Mundial do Diabetes. Desde então, o mundo inteiro ganha tons de azul no mês de novembro, azuis que, no Brasil, são divididos com o Novembro Azul de conscientização do Câncer de Próstata.
Atualmente estima-se que há cerca de 463 milhões de pessoas diabéticas em todo o mundo e que em 2045 esse número deve subir para 700 milhões, sendo cerca de 16 milhões só no Brasil (dados da 9ª edição do Atlas de Diabetes e do IDF – International Diabetes Federation).
O Chefe do Departamento de Retina do Hospital Oftalmológico de Sorocaba (BOS), Dr. Arnaldo Furman Bordon, explica que o diabetes é uma doença que afeta todos os órgãos do corpo humano, em especial os olhos, rins e sistema nervoso. Nos olhos, o diabetes causa, entre outros, alteração da movimentação ocular, catarata e a retinopatia diabética. Desses três, os dois primeiros são reversíveis, mesmo em fases avançadas, porém, a retinopatia, na sua forma mais grave, causa danos irreversíveis à visão.
“A retinopatia diabética demora cerca de dez a doze anos para se manifestar. Então, o perfil clássico de um paciente com a doença ocular é possuir diabetes há pelo menos 10 anos (sabendo ou não da existência da doença), fazer mal controle glicêmico na maior parte do tempo e nunca ter sido examinado com pupila dilatada por um médico oftalmologista. É frequente, ainda, que tenham hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia (alteração da gordura sanguínea). Em geral, essas pessoas também já possuem alterações renais e não é infrequente já terem algum membro amputado (dedo do pé, o pé ou a própria perna). É um cenário desolador, pois mostra total descontrole do diabetes”, esclarece Dr. Arnaldo.
O médico conta, ainda, que a visão de um diabético é um ponto crucial, pois no início da retinopatia não há nenhum sintoma e a pessoa enxerga muito bem, com ou sem auxílio de óculos. “Essa é a melhor fase para se ter o diagnóstico da retinopatia (nas fases iniciais), onde o controle adequado da glicemia e tratamento oftalmológico com laser ou injeções de medicamentos específicos conseguem segurar o avanço para as formas mais graves da retinopatia na maior parte dos casos”, afirma o médico.
Para os pacientes que não fazem o diagnóstico precoce da retinopatia e procuram ajuda médica nas fases avançadas, existe baixa de visão, podendo ter perda total da visão de forma definitiva nos dois olhos, sendo esta doença a principal causa de cegueira irreversível em pessoas entre 20 e 60 anos de idade. “Trata-se de um caso de saúde pública, pois como o aumento exponencial do número de diabéticos no mundo (e o Brasil não é diferente), o número de pessoas com a retinopatia sobe em igual proporção”, alerta Dr. Arnaldo. Ele acrescenta que o embaçamento visual, a distorção de imagem e as manchas na visão são queixas comuns. No entanto, esses sintomas são comuns também a inúmeras outras doenças dos olhos.
Por isso é tão importante fazer um acompanhamento periódico com o oftalmologista para a detecção destas e de outras doenças. Atualmente, dos casos cirúrgicos atendidos pelo Hospital Oftalmológico de Sorocaba (BOS), cerca de 60% são referentes a pacientes com retinopatia diabética avançada. E, segundo o médico especialista, esse número vem aumentando a cada ano.
“Essa é a grande luta travada. O paciente diabético precisa se conscientizar que diabetes é a principal origem de morte de causa cardiovascular (leia-se infarto), a principal causa de cegueira e uma das principais causas de internação hospitalar. O mais triste disso é que muito disso poderia ser evitado com exames oftalmológicos regulares, controle constante da glicemia, redução da obesidade e mudança de hábitos de vida”, orienta o médico especialista.
O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e o Hospital Oftalmológico de Sorocaba (HOS) ficam localizados na Rua Nabek Shiroma, 210, no Jardim Emília. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.bos.org.br ou pelo telefone: (15) 3212-7000.
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