Médica especialista em uveíte do BOS alerta sobre o perigo desta doença, em especial para gestantes

  • Doença pode levar à baixa de visão importante em recém-nascidos e, em alguns casos, pode causar aborto; principal causa da uveíte é a toxoplasmose, que tem altos índices de diagnóstico no Brasil

 

A adoção de hábitos alimentares mais saudáveis pelos brasileiros, em especial nos últimos 20 anos, com o consumo de legumes e vegetais crus, por exemplo, teve um impacto significativo no número de casos de toxoplasmose relatados no país. 

Como consequência, houve um aumento no número de casos de uveíte, uma inflamação ocular que pode ocorrer em qualquer fase da vida e que pode levar a alguns sintomas inespecíficos como vermelhidão, dor e sensibilidade à luz. 

“Muitas vezes o paciente procura um oftalmologista reclamando não somente desses sintomas, mas também de manchinhas no olho e “moscas volantes” (manchas escuras que aparecem no campo de visão e que podem assumir diferentes formas), o que pode configurar um quadro de uveíte”, explica a Dra. Vivian Cristina Costa Afonso, especialista em uveíte e responsável pelo ambulatório de uveíte do SUS no Hospital Oftalmológico de Sorocaba (BOS).

A médica esclarece que, no Brasil, a principal causa de uveíte é a toxoplasmose e que, por ser uma doença de períodos de melhora e piora, se não for tratada, pode levar à baixa de visão importante. 

“A causa mais frequente de uveíte que observamos no ambulatório, tanto de convênio particular quanto no SUS, ainda é a toxoplasmose. Porém, além do aumento de casos de toxoplasmose observado nos últimos anos, tivemos um aumento tão importante e significativo de outras doenças, como por exemplo a sífilis, que também pode acometer o olho e levar à baixa de visão importante”, afirma a Dra. Vivian.

Gestantes devem ter um cuidado redobrado com essa doença, explica a médica especialista, justamente por se tratar de pacientes imunodeprimidas (que estão com o sistema de defesa do organismo enfraquecido) durante a gestação e, por isso, ingerir água ou alimentos contaminados pela toxoplasmose durante esse período pode levar ao diagnóstico de uveíte, que pode ser transmitida ao bebê e acometer a área central da visão. Nestas situações, o bebê pode nascer com cicatrizes, com lesões na área central da visão, o que leva à baixa da visão. 

“Se a contaminação ocorrer durante o primeiro trimestre da gestação, muitas vezes a gestante pode sofrer um aborto. Nas fases mais tardias da gestação, o bebê pode nascer com microcefalia, com alterações oftalmológicas e pode ter uma cicatriz macular congênita, que faz com que ele perca a visão central e tenha baixa de acuidade visual.

Pode acometer um olho ou os dois, daí a importância de não contrair a toxoplasmose durante a gestação, pois é muito perigoso para o feto, ele pode nascer com má formação”, esclarece a Dra. Vivian. 

O BOS oferece um atendimento multidisciplinar à gestante que, além do oftalmologista, será acompanhada por obstetra e pediatra. “Se a gestante tiver qualquer sinal de toxoplasmose, ela pode procurar o Hospital Oftalmológico de Sorocaba, que é aberto 24 horas todos os dias, onde ela será tratada e acompanhada”, explica a médica.

“A toxoplasmose é realmente uma doença muito comum no nosso meio e tivemos alguns anos atrás alguns surtos da doença no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo, na região Sul em geral. Então, precisamos ficar atentos, em especial por ser uma doença da qual não se fala muito”, finaliza a Dra. Vivian. 

 

QUADROS

Como se transmite a toxoplasmose?

A toxoplasmose se transmite principalmente pela ingestão de água contaminada. Esse ainda é o principal meio de contágio da doença atualmente. Mas pode ocorrer o contágio através da comida, com a ingestão de vegetais mal higienizados, carne contaminada, como coração de galinha, carne de carneiro e cordeiro, que devem ser bem cozidos ou pré-congelados. Por isso, é importante sempre beber água filtrada ou água mineral, lavar muito bem os alimentos antes de consumí-los, verificar a procedência da carne e alguns alimentos e, se possível, evitá-los. 

 

Como prevenir a toxoplasmose?

– Consumir apenas carnes bem cozidas; 

– Lavar bem frutas e legumes; 

– De preferência, congelar carnes por 3 dias a 15 graus negativos; 

– Lavar as mãos regularmente, sobretudo depois de manipular alimentos e antes das refeições; 

– Evitar contato com areia de gato, lavar bem as mãos após esse procedimento, sendo que a gestante não deve ter contato com areia de gato; 

– Manter o gato bem alimentado e sem acesso à rua para ele não sair caçar e não se contaminar pela toxoplasmose; 

– Tomar cuidado e evitar acariciar cães que andem soltos pela rua; 

– Ter controle de ratos e insetos e sempre lavar bem as mãos e as unhas após trabalhar com terra, horta ou jardim. 

 

PRINCIPAIS SINTOMAS DA TOXOPLASMOSE NAS GESTANTES E NOS BEBÊS

Nas Gestantes: 

– Vermelhidão no olho; 

– Baixa de visão;

– Desconforto visual;

– Febre; 

– Gânglios aumentados;

– Aumento de fígado e de baço

 

Nos bebês:

– Alteração ocular; 

– Hidrocefalia; 

– Microcefalia; 

– Retardo mental; 

– Convulsão; 

– Problemas no fígado

O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e o Hospital Oftalmológico de Sorocaba (HOS) ficam localizados na Rua Nabek Shiroma, 210, no Jardim Emília. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.bos.org.br ou pelo telefone: (15) 3212-7000.

Durante o verão, conjuntivite é mais frequente

  • Hábitos comuns durante os dias mais quentes, como o uso de piscinas, de protetor solar, exposição prolongada ao sol e ao ar condicionado podem potencializar o risco de contrair a conjuntivite

 

Dias quentes pedem medidas paliativas para amenizar o calor, como um mergulho na piscina ou ligar o ar condicionado para ter uma noite de sono mais refrescante. Esses hábitos tão comuns durante o verão podem favorecer o aparecimento da conjuntivite, que está dividida em três categorias: alérgica, infecciosa e tóxica (ou química).

De forma geral, os sintomas mais comuns da conjuntivite são olhos vermelhos e lacrimejamento, fotossensibilidade, pálpebras inchadas, prurido (coceira), secreção e sensação de areia nos olhos.

Vários são os agentes causadores da conjuntivite tóxica nesta época do ano, entre eles cremes, soluções e protetores solares que, uma vez em contato com a superfície ocular podem ocasionar abrasões leves e, em casos mais graves, defeitos epiteliais maiores. Além disso, a exposição das estruturas oculares em águas não adequadamente tratadas pode levar a danos na superfície ocular, principalmente quando essa exposição ocorre naqueles pacientes usuários de lentes de contato. 

Essas são as causas mais comuns da conjuntivite tóxica que, embora mais rara, não é contagiosa. “Quando essas substâncias entram em contato com as estruturas oculares, desencadeiam uma resposta de defesa do nosso organismo, manifestada através dos sintomas acima citados. Desse modo, a toxicidade dessas substâncias implica dano à estrutura dos tecidos oculares ou à sua função, podendo vir acompanhando de uma resposta inflamatória”, explica o Dr. Henrique Possebom, oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Sorocaba (BOS). 

O tratamento baseia-se em suspender o agente agressor, cessar o uso da substância irritativa e associar lágrimas artificiais sem conservantes. Em casos mais severos pode-se lançar mão de géis lubrificantes e também curativos oclusivos para auxiliar na recuperação da superfície ocular.

Já a conjuntivite alérgica é mais comum em pessoas que já têm predisposição a alergias e que apresentam um quadro de rinite ou sinusite, sendo frequentemente mais sensíveis ao ácaro e ao pólen. “Esse tipo de conjuntivite também não é contagiosa, normalmente ocasiona coceira e vermelhidão nos olhos e o tratamento, nestes casos, consiste no uso de colírios antialérgicos”, explica o médico.

Outra forma de manifestação da conjuntivite é a infecciosa, a forma mais comum da doença, podendo ser transmitida através do contato com as secreções oculares. O hábito adquirido durante a pandemia de COVID-19 de higienizar as mãos com frequência e não tocar partes do rosto é fundamental para evitar o contágio da doença, que pode ser subdividida entre os tipos viral, bacteriana e fúngica. “Os sintomas mais comuns da conjuntivite infecciosa incluem pálpebras grudadas ao acordar, secreção branca ou amarela, lacrimejamento, sensação de areia nos olhos, vermelhidão, coceira, sensibilidade à luz, inchaço, visão embaçada e até sangramentos na conjuntiva”, esclarece o médico.  

Entretanto, alerta Dr. Henrique, é importante lembrar que o diagnóstico da conjuntivite deve ser feito por um médico da área, que indicará o tratamento mais adequado para cada tipo da doença. Sendo assim, a automedicação deve ser evitada, pois o uso de um medicamente não adequado, por exemplo, pode agravar ainda mais a doença.

 

7 recomendações para qualquer tipo de conjuntivite

  1. Higienizar as mãos frequentemente;
  2. Não tocar os olhos com as mãos;
  3. Suspender o uso de lentes de contato;
  4. Manter o ambiente livre de pó;
  5. Não frequentar piscinas;
  6. Não compartilhar maquiagem;
  7. Não utilizar a mesma toalha de banho ou rosto.

 

O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e o Hospital Oftalmológico de Sorocaba (HOS) ficam localizados na Rua Nabek Shiroma, 210, no Jardim Emília. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.bos.org.br ou pelo telefone: (15) 3212-7000. 

Dia Mundial do Braile

Apenas 1% dos livros publicados no Brasil são em braile

  • Dia 4 de janeiro comemora-se o dia mundial do braile; no Brasil, ainda há muito a ser feito quanto à alfabetização e difusão desse sistema de comunicação

Na próxima terça-feira, 4 de janeiro, comemora-se o dia mundial do braile. O objetivo da data é chamar a atenção da sociedade sobre a importância da inclusão social aos deficientes visuais, sobretudo na escrita e no acesso aos livros.

A data ganha um peso ainda maior quando se trata de Brasil. Por aqui, apenas 1% dos títulos comerciais são publicados em braile, explica Renata Millego Campoi Martins, coordenadora pedagógica da Asac (Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais), administrada pelo Banco de Olhos de Sorocaba (BOS).

“É direito do estudante com deficiência visual ter acesso aos materiais adaptados, segundo a Lei nº 7853/89. Os que estão estudando recebem os livros didáticos em braile, mas apenas 1% dos outros títulos são impressos para deficientes visuais”, lamenta a coordenadora pedagógica.

De acordo com os dados oficiais mais recentes sobre deficientes visuais no Brasil, do Censo de 2010, cerca de 46 milhões de brasileiros possuíam algum tipo de deficiência visual naquele período, ou seja, cerca de 24% da população tinham alguma dificuldade para enxergar. Desses 24%, se considerados aqueles que não conseguiam ver de forma alguma ou que tinham grande dificuldade, o índice caía para 3,4%, o equivalente a 6,5 milhões de pessoas. Desse total, 582,6 mil eram incapazes de enxergar.

É o caso de Luiz Carlos Queiros Junior, deficiente da categoria baixa visão, que há três anos e meio trabalha no BOS e recentemente foi transferido para a recepção da Asac. Ele conta que começou a aprender braile no final de 2013, na Asac, o que facilitou muito na sua independência do dia-a-dia. “Antes eu abria a caixa de remédios, por exemplo, e não sabia identificar qual eu precisava tomar. O braile me possibilitou essa autonomia, essa liberdade”, comemora Luiz. 

A ASAC existe desde 1969 e hoje é referência para habilitação e reabilitação de pessoas com deficiência visual. As aulas de braile foram instituídas no ano de 1987 e atualmente a instituição atende 32 pessoas para alfabetização nesse sistema. 

Cada assistido tem as aulas uma vez por semana, em grupos ou individualmente. A Asac oferece materiais que são exclusivos para a escrita e leitura em braile, como a máquina de datilografia, regletes, folhas com gramatura especial, impressora e livros.

Renata conta que o tempo de aprendizado do braile varia de pessoa para pessoa, dependendo de suas experiências, estímulos e motivação. “No caso da escrita braile, o entendimento é mais rápido (desde que não tenha outra deficiência associada), por volta de um mês. Já a leitura é algo constante, necessitando muito treino para se tornar dinâmica. É como a escrita e a leitura convencional: quanto mais você tem experiências, conhecimentos, treinos, práticas, melhor você lê”, esclarece a coordenadora pedagógica.

Para estimular a prática da leitura, a ASAC oferece um acervo com mais de mil livros, aberto à população em geral, onde é possível encontrar autores como Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato e Machado de Assis. “Utilizamos o sistema de empréstimo de livros, seja em braile ou em áudio livro, por um período de um mês, podendo este período ser prorrogado”, conta. 

Outra opção para o empréstimo gratuito é a Biblioteca de São Paulo Louis Braille, aonde o livro é enviado ao solicitante (tem que ter um cadastro prévio) e depois este é retornado pelo cecograma de forma gratuita.

“Interação, aprendizagem, relacionar-se e competição são condições que o deficiente visual terá utilizando-se de oportunidades (que nós, família e sociedade proporcionamos) de forma a avançar no desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades, com vista ao exercício de sua cidadania. Portanto, celebrar este dia é de suma importância e, que mais pessoas possam tomar contato e ter acesso ao Sistema Braille”, finaliza Renata.

 

CURIOSIDADES SOBRE O BRAILLE

– O braile utiliza a combinação de seis pontos que formam 63 caracteres em relevo;

– A cela braile é formada por duas colunas de três pontos;

– Há combinações para a representação de letras, números, símbolos científicos, notas musicais, fonética e informática;

– O braile é utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão, e a leitura é feita da esquerda para a direita, utilizando-se uma ou ambas as mãos;

– Cada página em tinta corresponde a aproximadamente três páginas em braile;

– O braile também pode ser escrito à mão, utilizando uma ferramenta chamada reglete e outra chamada punção, que funcionam como caderno e caneta;

– A escrita manual deve ser feita da direita para a esquerda para garantir o relevo ao virar o papel que foi puncionado;

 

O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) e o Hospital Oftalmológico de Sorocaba (HOS) ficam localizados na Rua Nabek Shiroma, 210, no Jardim Emília. Mais informações podem ser obtidas pelo site: www.bos.org.br ou pelo telefone: (15) 3212-7000.